Vacinas 2021 - O que esperar quando a esperança se concretizar?

Os desejos para 2021 ganharam uma nova conotação. Para qualquer criança, adulto ou idoso o pedido é um só: Receber logo a aplicação da vacina contra a Covid-19. Eis a boa nova: “Se fizermos o trabalho bem feito em maio ou junho estaremos com cerca de 70% a 80% da população imunizada; Isto é possível! E significa controle desta pandemia”, aposta o infectologista Marcos Junqueira do Lago, coordenador de Controle de Infecção Hospitalar do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe). Para ele, a perspectiva é “muito boa” e aponta um panorama de esperança para o novo ano.

Em uma avaliação geral sobre a imunização, que já está sendo feita em diferentes países, o infectologista acredita que inicialmente o Brasil tende a adotar as vacinas convencionais (que utilizam o vírus inativo para estimular a imunidade). É o caso da CoronaVac (produzida pelo Instituto Butantan e a empresa chinesa Sinovac), assim como a russa Sputinik V e a inglesa produzida pela Universidade de Oxford e a indústria AstraZeneca. Do Lago explica que para vacinas como estas o país já tem uma cadeia de frio, ou seja, uma logística que envolve desde a preparação, armazenamento até a distribuição. “Não adianta só aplicar a vacina, você tem que fazê-la chegar até as pessoas bem conservada; se não for assim você vai receber um produto inócuo, não adiantando absolutamente nada”, alerta.

O especialista destaca que já a vacina da farmacêutica Pfizer com a empresa BioNTech utiliza uma tecnologia mais elaborada que isola um “pedaço” de DNA ou RNA capaz de produzir proteínas importantes do genoma do Coronavírus. Quando aplicada, o organismo reconhece esta proteína como estranha e produz imunidade para se proteger da invasão. “A vantagem desta vacina é que ela induz a produção de anticorpos de uma forma mais eficaz do que as convencionais, em cerca de 90%”, esclarece Do Lago. “Já as demais produzem uma imunidade um pouco menor entre 80 e 90%. Mas todas são válidas”, completa.

A necessidade de uma cadeia de frio mais elaborada para a vacina da Pfizer/BioNTech provavelmente fará com que ela não seja uma das primeiras a ser adotada no país. “Não é apenas o custo. Não basta comprar o refrigerador – 70ºC; É preciso ter um local apropriado, além de um gerador neste local e outros cuidados. Por isso, creio que o Brasil vai inicialmente optar pelas tradicionais”, opina o especialista. Ele esclarece que, seja qual for a vacina disponibilizada para a população, o importante é saber que “todas elas vão trazer o beneficio de controlar a pandemia. Tenho certeza disso”, garante.

MUTAÇÃO E NOVA CEPA – Nos últimos dias, muitos ficaram apreensivos com as notícias vindas da Europa sobre o surgimento de uma nova cepa, ou seja, uma mutação do Coronavírus com capacidade de disseminação mais rápida. “Importante que todos saibam que isso acontece com qualquer vírus. Nos respiratórios isso é muito comum. São mutações muito pequenas; em geral não modificam completamente o vírus, só algumas partes”, explica Do Lago. “A maioria destas mutações não dá em nada; mas o vírus depende do ser humano para sobreviver”, complementa lembrando que o comportamento das pessoas é determinante inclusive na propagação de qualquer destas mutações.

A boa notícia vem na resposta à pergunta mais comum diante da questão das mutações: as vacinas serão eficazes com estas cepas mutantes? Para o infectologista, a resposta é bastante positiva. “Mais de 98% de probabilidade da vacina pegar sim estas pequenas mutações” tranquiliza o infectologista.

Outras informações, assista os vídeos a seguir e em @hupehospital.