OUTUBRO ROSA SEM ESQUECER OS TONS DE AZUL

No mês de prevenção ao câncer de mama, um alerta: a doença também pode acometer aos homens. Quem enfatiza é o mastologista e chefe do Setor de Mastologia do Serviço da Ginecologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj), Luiz Fernando Amaral. O especialista diz que o principal fator de risco é, sem dúvida, o gênero, já que as mulheres são garantidamente as mais atingidas. Porém, atualmente nos ambulatórios especializados tem sido registrados casos da doença em homens. “O câncer de mama masculino é raro. Mas está sendo mais presente. Por isso é importante que mesmo no Outubro Rosa, não nos esqueçamos do azul”, diz Luiz Fernando.

O mastologista explica que o câncer de mama masculino é mais difícil de ser diagnosticado precocemente. Isto porque diferentemente dos casos femininos, não se pode usar a mamografia como forma de diagnóstico. Apenas a observação clínica e a evidencia de sintomas como massa ou nódulo pode apontar qualquer suspeita. “No homem não se faz a mamografia de rastreio. Então, homens a partir de 50 e principalmente após o 60, se for observado o  aparecimento de caroço na região, a orientação é que vá ao seu clinico geral ou mesmo ao mastologista”, indica o médico. O número de casos, se comparado a incidência em mulheres, ainda é bem modesto pois é de 0,1%. Porém este percentual tem aumentado gradativamente seguindo a curva de expectativa de vida da população. Quanto mais idosa a população, mais freqüente a presença deste achado. “Não podemos jamais esquecer que os homens são afetados principalmente por causa da longevidade e às vezes associada ao etilismo”, declara Luiz Fernando.

                EM MULHERES – Mas e nas mulheres, que há décadas tem visto a enfermidade como um dos maiores fantasmas quando o assunto é saúde? Em relação ao principal público, o mastologista reafirma a máxima de que prevenir é o melhor e mais eficiente remédio. Principalmente nos últimos anos com os estudos científicos sobre o tema. “O avanço atual como a assistência da oncologia clinica e novos medicamentos são bastante promissores. Hoje em dia, dependendo do caso, pode-se obter até a regressão completa da lesão”, destaca.

Para o chefe do setor de Mastologia do Hupe, outro enfoque importante neste Outubro Rosa é reavaliar as próprias campanhas que estimulam o auto-exame. Ele lembra que atualmente o Ministério da Saúde não prescreve mais o auto-exame como política de rastreio do câncer de mama. A orientação é que médicos, em especial os ginecologistas, orientem sempre as pacientes sobre a forma mais correta de conhecer o seu corpo.  “Não precisa ficar toda hora se apalpando; é uma questão de auto conhecimento, o que não é a mesma coisa que auto-exame”, grifa o especialista.

FATORES DE RISCO – No prisma da prevenção, é necessário também se conhecer os fatores de risco para a doença. Como por exemplo: o envelhecimento da população. “Dois terços dos casos de câncer de mama ocorrem no período chamado pós-menopausa”, diz Luiz Fernando enumerando como perfis de risco: peso e obesidade, além dos fatores reprodutivos. Menarca precoce (idade do aparecimento da menstruação abaixo de 12 anos) ou menopausa mais tardia (após os 55 anos) estão neste rol. Luiz Fernando Amaral grifa ainda que os casos ocorridos em mulheres antes dos 50 anos em geral compreendem apenas um terço do total registrado no Brasil, sendo a maioria de cunho genético.

O mastologista aponta que, tanto para mulheres quanto para homens, a prática regular de atividade física e a manutenção do peso para evitar sobrepeso e obesidade são fundamentais. Outro ponto de atenção que o especialista ressalta é a questão de hábitos de vida. Entre eles, o etilismo que tem sido constante entre os fatores de risco. “O consumo de álcool traz complicações muito impactantes que fazem alterações hepáticas e mexe com hormônios que predispõem para o câncer de mama”, explica. O especialista é direto em resumir o melhor remédio para deduzir cada vez mais a incidência dos casos: “atividade física e envelhecimento saudável”, arremata.

Por Coordenadoria de Comunicação Social do Hupe/Comhupe - 2020