HUPE e Esdi expandem parceria para produção de videolaringoscópios

Tempos difíceis, grandes desafios. E com eles, iniciativas que vem unindo saberes diferentes em prol do objetivo comum no combate à pandemia: salvar vidas. Prova disso está na união do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/UERJ) com a Escola Superior de Desenho Industrial (Esdi/UERJ) que já resultou na produção de face shields, peças gráficas para o Hospital e agora se expande para a montagem de videolaringoscópios. O equipamento é utilizado em procedimentos onde é preciso acessar a região da laringe, como por exemplo, a intubação feita em pacientes com Covid-19 nos CTIs. A falta do aparelho no mercado e até mesmo a escassez de material para a indústria produzi-lo, levou à criação de um modelo para uso no Hupe durante a pandemia. Hoje já há 10 equipamentos frutos desta parceria.

O professor Marcelo Canetti, assessor médico da Direção do Hupe, conta que a Esdi fez o cabo do aparelho com resina odontológica em uma impressora 3D, copiando um cabo de laringoscópio convencional. “Acoplamos uma câmera flexível e ligamos a entrada USB da câmera em um dispositivo Android, tablet ou celular”, explica Canetti completando que a partir daí usa-se um aplicativo próprio para o procedimento. “A vantagem é que o médico realiza o procedimento com o rosto afastado do paciente (diminui o risco de contaminação)”, diz o médico destacando também que o a ação pode ser acompanhada via internet por outros profissionais da equipe de saúde e ser gravada com finalidade de ensino ou pesquisas.

ECONOMIA – Outra característica significativa dos protótipos montados é o custo. De acordo com Canetti, um equipamento novo no mercado tem o preço mínimo de R$15mil. O custo do aparelho desenvolvido pelas equipes da Esdi e Hupe não chegou a 5% deste valor. Um benefício ressaltado pela fisiterapeuta MônicaCruz, coordenadora do programa de Residência em Fisioterapia do Hupe e uma das profissionais que estiveram empenhadas na iniciativa. “A opção da impressão de laringo em 3D atendeu a escassez deste material e também trouxe uma economia de milhares de reais já que é um equipamento caro”, completa. Ela recorda que o aparelho passou por várias análises e ajustes das equipes para finalizar o projeto ideal. “Ao imprimir, o protótipo era testado quanto à resistência e ajuste anatômico e em relação ao seu acoplamento, e ajustes eram feitos pelos profissionais da Esdi e do Hupe de modo que as impressões seguintes fossem melhores à prática”, relata.

Entre as áreas que mais utiliza este aparelho está a Anestesiologia. “Estamos com três em uso no serviço para anestesias cirúrgicas e no time de resposta rápida”, conta o professor Sérgio Logar, Chefe do Serviço no Hupe. Ele explica que os videolaringoscópios são os aparelhos mais indicados para a intubação traqueal de pacientes Covid, por isso durante a pandemia os industrializados sumiram rapidamente do mercado. “Não só faltaram os aparelhos, mas também faltaram peças de reposição como baterias e lâminas para manter os que tínhamos funcionando”, conta Logar. Foi então que a equipe do Hupe soube que as lâminas de videolaringoscópio estavam disponíveis com as microcâmeras. Elas foram adaptadas em um aparelho celular ou tablet e unidas às peças que a Esdi produziu gerando um protótipo. O produto responde às necessidades do Hupe no momento. “Funciona bem, num contexto de crise. Não é igual a um aparelho proveniente da indústria. Mas é sim, passível de aperfeiçoamento”, considera.

PARCERIA PROMISSORA – É este aperfeiçoamento que tem unido bastante o Hospital e a Escola de Desenho Industrial. “Já tinha havido parcerias antes entre o Hupe e a Esdi, porém a crise atual nos aproximou de uma maneira inédita”, conta a professora Lígia Medeiros, diretora da Esdi. Para ela, esta parceria atende ao objetivo principal da própria unidade acadêmica. “Posso dizer que o curso de desenho industrial tem por princípio o atendimento de necessidades humanas criando e desenvolvendo artefatos e comunicação”, define. Durante a pandemia a Esdi desenhou e fabricou equipamentos de proteção individual (protetores faciais); peças informativas e agora de reposição para aparelhos de videolaringoscópio. Lígia aposta que esta união ainda pode render mais frutos. “Como diretora da Esdi, tenho grande interesse na continuidade dessa parceria. Os professores do curso de arquitetura urbanismo da Esdi já se disponibilizaram para colaborar no planejamento e adaptação dos espaços quando pudermos retornar às atividades presenciais”, anuncia. Que venham os novos tempos.


Por Coordenadoria de Comunicação Social do HUPE/COMHUPE - 2020