Foram cinco dias intensos. Entre os dias 25 e 29 de agosto, o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/Uerj) promoveu uma extensa programação científica, englobando conferências, mesas-redondas, atividades sócio-culturais, rodas de conversa, tudo isso em seu 63º Congresso Científico, que encerrou seu ciclo na tarde da sexta-feira, 29 de agosto.
Foram mais de dois mil participantes inscritos, 551 trabalhos enviados, seis plenárias, 78 mesas-redondas, 23 cursos pré-congresso, sete rodas de conversa, dois eventos paralelos, 12 atividades extras, 14 espaços utilizados. Os 90 anos da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (FCM/Uerj) foram celebrados juntos.
Também foram celebrados, no primeiro dia do Congresso, os funcionários que completaram 25 anos de dedicação ao Hospital. “Lembramos da história do Hupe, falamos de estatística e pirâmides etárias, que estão se invertendo. Reunimos palestrantes excepcionais, foram dias memoráveis em uma bela união”, ressaltou, no dia de encerramento, o pró-reitor de Saúde da Uerj, Ronaldo Damião.
Entre os temas abordados nos cinco dias de Congresso, sob a temática central “Longevidade & Saúde”, foi falado sobre desafios sociais, Zonas Azuis, sarcopenia, fisioterapia e sua evolução, esporte, arte, oncologia, doenças crônicas, síndromes geriátricas, menopausa, saúde hormonal, gravidez tardia, entre outros temas.
Na terça-feira, 26 de agosto, a aula magna do médico geriatra Alexandre Kalache, uma das maiores referências internacionais no assunto. Na aula magna “A Revolução da Longevidade: Estamos preparados?”, Alexandre Kalache compartilhou sua vasta experiência na área de envelhecimento com a plateia, formada também por acadêmicos de Medicina. Kalache ressaltou que o Brasil é um dos países que mais vão envelhecer nas próximas décadas. Segundo ele, em 2050 o País terá uma população de aproximadamente 68 milhões de sexagenários. “Por isso, faço um apelo aos médicos mais jovens: a Geriatria é a profissão do futuro”, disse aos estudantes de Medicina presentes na plateia.
Soluções conjuntas
O diretor-geral do Hupe, Rui de Teófilo, destacou no último dia do Congresso, 29 de agosto, assim como já tinha destacado na abertura, que todos almejam a longevidade, porém a grande questão não deveria ser viver mais. “O aumento da expectativa de vida da população é ótimo, e a Medicina certamente tem muito a contribuir para a melhoria da qualidade de vida na terceira idade, mas a longevidade traz desafios para a Saúde e para diversas outras áreas. Precisamos estruturar as cidades para acolher as necessidades da população em idade mais avançada e estruturar a Previdência, por exemplo. Precisamos pensar em soluções conjuntas. Compreender as mudanças que já estão ocorrendo. Por isso, realizamos este Congresso, que foi um sucesso”, destacou.
Neste dia do encerramento, a mesa de autoridades esteve composta pela reitora da Uerj, Gulnar Azevedo e Silva; o pró-reitor de Saúde da Uerj, Ronaldo Damião; o diretor-geral do Hupe/Uerj, Rui de Teófilo; o presidente do 63° Congresso Científico do Hupe, José Augusto Messias; o presidente da comissão científica do Congresso, Fabrício Carrerette; e a presidente da comissão de temas livres, Luciana Rodrigues. Houve também no último dia, no espaço Cultura & Saúde, a premiação dos melhores trabalhos.
Medicina e Arte se complementando
O Congresso fez conexão com Cuba, com Espanha e com diferentes partes do Brasil. Abordou, também, dentro de perspectivas de futuro, questões como espiritualidade e formação profissional.
No último dia, houve a conferência de encerramento com a pneumologista Margareth Dalcolmo. Na conferência “Saúde não é ausência de doença: arte e reflexão na medicina”, a Dra. Margareth ressaltou que cuidar da saúde é também cultivar arte, humanidade e solidariedade. Destacou como a cultura ressignifica, transforma e salva vidas, oferecendo sentido, acolhimento e vida mesmo em meio às adversidades.
Durante a palestra, Margareth relembrou das viagens que fez ao redor do mundo para adquirir experiências ao longo das décadas de carreira. Vale lembrar, a doutora Margareth se tornou uma das principais porta-vozes da ciência durante a crise sanitária que matou milhões de pessoas de todos os cantos da Terra.
Segundo Dalcolmo, medicina e arte se cruzam porque se complementam. Ela citou o médico grego Hipócrates, considerado como “pai da medicina”. “Medicina e arte se cruzam, desde o nascedouro da medicina, desde quando Hipócrates, na Ilha de Cós, criou os primeiros conceitos do que seria a semiologia médica. Ele o fez com arte. Ele dava aula para os alunos no mundo templo grego na ilha e sempre fez questão de associar os achados médicos semiológicos com alguma coisa que eles pudessem fazer um paralelo de comparação, de modo que a medicina e a arte são duas coisas que sempre caminharam e sempre vão caminhar juntas”, complementou.
Todos destacaram a honra em recebê-la nesta conferência de encerramento e a rica reflexão ali proposta. O diretor geral do Hupe/Uerj reiterou: “Falamos nestes cinco dias de longevidade. Hoje aqui encerramos com essa conferência brilhante, de uma pessoa que está sempre à frente de seu tempo. Nosso Congresso falou de longevidade, e aqui a professora Margareth nos dá uma ideia de imortalidade. Nossa enorme gratidão!”, concluiu, já anunciando o tema do 64º Congresso Científico do Hupe/Uerj, que será Saúde 5.0, algo inevitável, necessário e revolucionário.









