Congresso Científico HUPE 2025 - Mesas sobre Espiritualidade e Saúde ampliam as perspectivas sobre futuro da medicina

Na foto, Roberto Esporcatte, Professor Associado de Cardiologia (FCM/Uerj), coordenador das duas mesas-redondas que tratarão do tema Espiritualidade e Saúde

Quais são os determinantes de espiritualidade na longevidade? Entender espiritualidade significa modificar os desfechos clinicamente relevantes? O indivíduo terá menos hipertensão? Terá uma vitalidade, uma sobrevida maior? Tudo isso, ou seja, o quanto os conceitos de espiritualidade estão na medicina do estilo de vida, é o que o 63º Congresso Científico do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/Uerj) procurará entender, através de duas mesas-redondas presentes na programação do evento.

A ciência vem documentando de forma muito clara os benefícios das diversas vertentes de espiritualidade no que diz respeito aos processos de preservação e saúde e de adoecimento. “Em pessoas que têm uma espiritualidade maior, que sabem exercitar a gratidão, as suas variáveis de pressão arterial, frequência cardíaca, diabetes, imunidade, são mais favoráveis, reduzindo mortalidade e melhorando qualidade de vida. Isso a ciência vem trabalhando muito bem. Sem impor ou sobrepor, mas precisamos falar com o paciente sobre espiritualidade”, nos diz o professor Roberto Esporcatte, do Serviço de Cardiologia do Hupe/Uerj.

O profissional ressalta ainda ser muito importante os profissionais de saúde estarem familiarizados com uma entrevista, uma anamnese, sabendo se aquele indivíduo tem alguma forma de espiritualidade, de fé, de crença, se ele tem alguma demanda nessa área de espiritualidade. “Assim, ele se sentirá ainda mais acolhido e amparado enquanto ser integral”, complementa.

Disciplina Espiritualidade e Saúde

Para estimular a compreensão destes mecanismos, a Faculdade de Ciências Médicas (FCM/Uerj) implantou, desde 2019, uma disciplina eletiva inovadora: Espiritualidade e Saúde. A proposta é ampliar a formação profissional, refletindo sobre as múltiplas nuances conceituais que compõem esta temática. Médicos, enfermeiros, nutricionistas, odontologistas, além de outras áreas, vêm procurando essa disciplina.

A ideia é entender melhor o conceito de medicina integrativa. A visão de integralidade se refere ao conceito de saúde, não como ausência de doença, mas como completo bem-estar físico, mental, psíquico e espiritual. Os estudantes aprendem, entre outras coisas, a fazer anamneses que vão além da análise de doenças e sintomas, novas visões sobre os mecanismos de saúde, adoecimento e cura, assim como abordagens não medicamentosas convencionais.

São realizadas aulas sobre conceitos de espiritualidade, religiosidade, modo de abordagem e prática com casos reais do Hupe. “É fundamental buscar entender as crenças do paciente; identificar aspectos que interferem nos cuidados de saúde, avaliar a força espiritual individual, familiar ou social que lhe permitirá enfrentar a doença; oferecer empatia e apoio e ajudá-lo a encontrar aceitação identificando situações de conflito ou sofrimento espiritual avaliados por um profissional capacitado”, frisa o professor Esporcatte, um dos coordenadores da disciplina, destacando ainda que, nesta avaliação, torna-se fundamental detectar sentimentos negativos que possam contribuir com o adoecimento, tais como mágoa, ressentimento, falta de perdão, ingratidão.

No 63º Congresso Científico do Hupe, as mesas sobre Espiritualidade e Saúde serão: “Determinantes da Espiritualidade na Longevidade Humana”, na quarta-feira, 27 de agosto, de 8h às 9h30min, no anfiteatro 369 do Hupe/Uerj; e “Espiritualidade e Saúde na Terceira Idade, na sexta-feira, 29 de agosto, de 8h às 9h30min, no anfiteatro 347 do Hupe/Uerj. Importantes momentos para nos atualizarmos e refletirmos sobre esse “efeito protetor” nos indivíduos que alimentam alguma forma de espiritualidade.