"Prontuário afetivo" aproxima pacientes e equipe de saúde de enfermaria do Hupe

“O ‘prontuário afetivo’ mostra a ‘vibe’ das pessoas”. Essa genuína definição, de uma jovem paciente da Enfermaria de Reumatologia do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/Uerj), nos permite captar bem a proposta e o desejo dos profissionais que o implementaram. A ideia surgiu da necessidade de conhecer as pessoas para além da doença. Conhecer um pouco mais sobre os gostos, os hobbies, e criar um vínculo maior entre os profissionais e os pacientes.

E o impacto vem sendo muito positivo. Evandro Klumb é professor de Reumatologia e coordenador do Serviço no Hupe/Uerj, e nos explica que o “prontuário afetivo” não é uma ideia originária no hospital. A ideia veio de uma exposição realizada no último Congresso Brasileiro de Reumatologia, onde o professor Evandro viu os profissionais da Universidade de Brasília apresentando os resultados do “prontuário afetivo” deles. Adaptou o modelo à realidade da Enfermaria de Reumatologia do Hupe, com muitos benefícios já registrados pelas equipes multidisciplinares. “Adorei a ideia, pois nos possibilita ter outra visão do paciente. E a personalização do tratamento é o único meio de cuidar da pessoa, e não da doença. Quem é a pessoa, e não a doença. Não existem lúpicos, cancerosos, tuberculosos, etc. E, sim, pessoas que adoecem com lúpus, câncer, tuberculose. E o nosso objetivo principal com este ‘prontuário’ é perceber quem é a pessoa”, ressalta.

Melhor comunicação

Lá no “prontuário afetivo” estão informados o time de coração do paciente, seus amores, hobbies, comidas preferidas, seus pets, suas crenças, sua música preferida. O residente de Enfermagem Wanderson Medas lembra que no dia a dia os profissionais lidam com os dados clínicos do paciente, exames de imagem e laboratoriais, e, com isso, não conseguem interpretar o que o paciente tem de seu ambiente familiar. “Então, o ‘prontuário’ nos permite compreender o que é importante para ele para além da conduta clínica”, reforça.

O “prontuário” fica no leito do paciente, em um local de fácil observação para todos. “Com ele, temos uma comunicação mais próxima com os pacientes, a gente consegue entrar melhor dentro daquele mundo, mais familiar. E essa interação tem ajudado muito”, afirma Larissa Menezes, enfermeira.

Os profissionais ressaltam ainda que é uma primeira experiência, e será melhorada com novos olhares, mas que a iniciativa já vem trazendo uma ressonância muito positiva na ótica do paciente, da família do paciente, dos médicos e de toda equipe de saúde. “É muito importante receber esse afeto. E, às vezes, notamos que temos os mesmos gostos. Por exemplo, algum profissional que também gosta de animais começa a falar de seus bichinhos, o mesmo time, música, e aí nos sentimos mais próximos deles e eles mais próximos de nós”, diz Ana Vitória dos Santos, paciente da Enfermaria de Reumatologia do Hupe, resumindo o que se busca: humanização no atendimento.