Núcleo Perinatal salva vidas de quem ainda nem nasceu

Realizar cirurgias em órgãos pequenos, por vezes quase minúsculos, de pacientes que ainda nem nasceram, é um desafio que vem sendo vencido pelo Núcleo Perinatal, do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj). A unidade iniciou 2024 implementando o Programa de Cirurgia Fetal com procedimentos de alta complexidade que poucas unidades públicas no Rio de Janeiro realizam. As intervenções são feitas por meio de fetoscopia, técnica que usa a endoscopia para fazer cirurgias no feto.  Uma destas operações foi feita no início deste mês para salvar a vida do pequeno Pedro, de 29 semanas. Ele passou por uma cirurgia de Oclusão Traqueal Fetal, obviamente ainda no útero da mãe Marise Santos.

O procedimento foi conduzido pelo obstetra Fernando Maia Peixoto. “Foi colocado um minúsculo balão (de tamanho semelhante a um grão de linhaça) na traquéia do feto para possibilitar o desenvolvimento dos pulmões”, explica o especialista. Ele orientou que nesses casos o bebê ainda passa por diversos procedimentos complexos. Exatamente por isso, o parto deve ser feito em uma unidade de alta complexidade para atendimento especializado a estes casos. Tanto a mãe quanto o feto passam bem.

Para o professor Nilson Ramires de Jesus, chefe do Núcleo Perinatal, intervenções como esta solidificam a vocação do Núcleo Perinatal enquanto referência no atendimento a gestação de alto risco. “Além de reforçar a aptidão para a alta complexidade em medicina fetal”, complementa. Nilson adianta que o Programa de Cirurgia Fetal está sendo articulado com uma grande vantagem que é a de reunir especialistas de forma multidisciplinar, todos no mesmo local, prontos para a prestar pleno atendimento. O que também endossa a capacidade de qualificar ainda mais a equipe discentes e residentes do Hupe-Uerj.

Outro procedimento que exemplifica o sucesso do programa foi realizado no final de março em gêmeos monozigóticos que compartilhavam, de forma desigual, a mesma placenta. O que caracteriza a Síndrome de Transfusão Fetal. “É uma cirurgia de alta complexidade onde foi preciso dividir as placentas usando fotoscopia (laser) para garantir a divisão das placentas” explica Fernando Peixoto, que também conduziu este procedimento. Ele informou que a cirurgia foi bem-sucedida e a família também aguarda ansiosa a hora da chegada dos gêmeos.

O encaminhamento de pacientes que necessitem deste tipo de atendimento deve ser feito por um dos sistemas de regulação (do estado ou município). O Núcleo Perinatal do Hupe-Uerj é especializado em atenção a gestantes de alto risco do pré-natal ao pós-parto e atenção neonatal.