Sessão Clínica dá a receita para ser profissional de saúde no século XXI

Uma grande honra. Com esse sentimento preenchendo o ambiente, o corpo de saúde do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj) recebeu para sua Sessão Clínica, na manhã da quinta-feira, 30 de março, o médico e professor José de Jesus Peixoto Camargo, membro da Academia Nacional de Medicina e professor titular de medicina na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ele foi pioneiro no transplante de pulmão com doadores vivos no Brasil e na América Latina. Tem centenas de publicações científicas e já proferiu cerca de 900 conferências, em 22 países. A aula foi no auditório do Centro de Pesquisa Clínica Multiusuário, no campus do Hupe.

A palestra do médico J. J. Camargo teve como tema “Desafio de ser médico no século XXI”. Estiveram presentes muitos coordenadores, docentes, médicos, residentes, alunos e também diversas autoridades da Uerj, além de outros membros da Academia Nacional de Medicina. O diretor-geral do Hupe-Uerj, professor Ronaldo Damião, fez a abertura do evento, enaltecendo a todos o valor daquela presença ilustre, um dos grandes expoentes da medicina mundial, e o quanto traria conhecimento e reflexão a cada um dos presentes.

EMPATIA – O médico convidado assim iniciou sua narrativa: “Eu sempre gostei de gente. A capacidade de conversar e de se expor é o que alimenta o médico. Ele tem que se expor ao afeto. A oportunidade de conversar com pessoas automaticamente realimenta a empatia que o médico desperta e é gratificante ser usado como referência de afeto e apoiar o paciente em um momento crucial da vida dele”, ressaltou aos presentes.

Prosseguindo em sua aula, J.J. Camargo reforçou a necessidade de os médicos estarem atentos aos detalhes do paciente. “Se você entra no quarto do paciente e não lembra o nome dele, aí precisa urgentemente rever seus valores e conduta”, disse, destacando a necessidade de empatia, respeito, valorização da identidade e solenidade. “Todas as coisas de nossa vida têm importância. Contornar a minha mesa e sentar ao lado do paciente foi um gesto simples que fui desenvolvendo ao longo da vida. O que há de tão extraordinário? Nada! Mas é justamente nesse tipo de gesto que reside aquilo que o paciente mais espera de um médico: a parceria. A certeza de que ele não estará e nem ficará sozinho até o fim”, complementou.

“Quinteto inegociável”

A apresentação fez uma viagem, na verdade uma grande homenagem à medicina moderna, passando pelos avanços da medicina ao longo dos anos, mostrando os progressos da imagem, lembrando a primeira TC de crânio, enfim, destacando o valor da interação da ciência com a didática da história, e o quanto isso permite decodificar novos olhares e campos do conhecimento.

Finalizando, o médico apresentou um verdadeiro roteiro para os jovens médicos, destacando um “quinteto inegociável” que deve nortear a conduta médica: “Trabalhem com a verdade; nunca desistam da superação; estejam disponíveis; sejam previsíveis; e prestem atenção aos detalhes. Este é o grande desafio de ser médico: conviver com pessoas autenticadas por sofrimento. Busquemos sempre essa proximidade afetiva”, finalizou o médico que, sem dúvida alguma, possui um grande talento de conquistar pessoas. Os efusivos aplausos deixaram claro o respeito e admiração ao professor J.J. Camargo e a tudo o que foi tão bem compartilhado ali naquele momento mágico de transmissão do conhecimento.