Vacinação infantil: um compromisso social com a saúde das crianças

Chefe da UTI pediátrica do Hupe, Raquel Zeitel, ressalta que vacinar crianças é um ato social para proteger os mais vulneráveis e dá o recado: “Sem medo nenhum, vacinem seus filhos. Os benefícios serão maiores”

 Recentemente, no Rio Innovation Week (RIW), realizado de 13 a 16 de janeiro no Jockey Club Brasileiro, Raquel Zeitel fez um alerta sobre a urgência de se desenvolver a vacinação infantil

A Covid-19 é hoje, segundo dados do Ministério da Saúde, a segunda maior causa de mortes de crianças entre 5 e 11 anos no Brasil, atrás apenas dos acidentes de trânsito. Os dados mostram que, desde o início da pandemia, mais de 1.400 crianças (de 0 a 11 anos) já morreram no Brasil em decorrência da doença. Já foram registrados também mais de 2.400 casos da Síndrome Inflamatória Multissistêmica Pediátrica (SIM-P), associada à Covid-19. Então, por que muitos pais ainda têm dúvidas? Este foi um dos esclarecimentos dados pela chefe da Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTIP) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj), Raquel Zeitel, que apresentou o tema e falou sobre a atuação do Hupe contra a Covid-19 no evento Rio Innovation Week (RIW), realizado em de janeiro no Jockey Club Brasileiro.

Para Zeitel é importante lembrar que a vacina já se mostrou bastante importante e eficaz até então, e que o Brasil tem uma tradição de ser pró-vacina.  “Temos uma população que sempre acreditou na eficácia das vacinas. Historicamente, as mães sempre mostraram, com orgulho, a caderneta de vacinas de seus filhos. Além disso, as escolas sempre tiveram o hábito de pedi-la. Temos esta cultura. Talvez, a polêmica que vem existindo atualmente em torno do tema vacina em crianças poderia ter sido evitado se tivéssemos uma campanha adequada”, analisa a especialista.

Entidades médicas apóiam a vacinação infantil contra a Covid-19. Com a imunização dos adultos, as crianças se tornam a população mais suscetível à doença. Além de estarem mais expostas, principalmente com o retorno das aulas presenciais, elas passam a ser vetores de transmissão. E quanto mais o vírus se espalha, mesmo em casos leves, maior a chance de surgirem novas variantes. “Quanto mais a gente avançar, de um modo geral, em cobrir a população como um todo, aí incluídas as crianças, mais cedo acabamos com a pandemia. Então, precisamos avançar”, ressalta Raquel.

 

Direito básico de saúde                            

A principal razão da vacina é a proteção da própria criança. Os mais novos também podem ter quadros graves e morrer de Covid-19 – lembrando que há risco de a doença causar sequelas – embora isso não seja tão comum. Além disso, os mais novos estão, neste momento, entre os mais suscetíveis à super transmissibilidade da variante Ômicron. Quanto maior o número de infectados, maior o risco desses “casos raros” de quadros severos e óbitos acontecerem no público infantil. “Vacina é um direito da criança. Mas, nesta faixa (dos 5 aos 11 anos), a criança fica à mercê de um adulto. Cabe ao estado garantir esse direito e aos responsáveis uma conscientização. Não é justo a criança ter que passar pelo desconforto de uma UTI, muitas vezes semanas internada, privada de tudo, ou ficar com alguma sequela, porque ela não foi vacinada, sobretudo quando tinha uma condição de se proteger”, enfatiza Raquel Zeitel. A especialista lembra que se trata de um compromisso social com ressonância para todos. “Sem medo nenhum, vacinem seus filhos. Os benefícios serão maiores”, finaliza.