Dia de Mamografia

Na semana em que se comemora o Dia Mundial de Combate ao Câncer (04/02) e o Dia Nacional da Mamografia (05/02), especialistas enfatizam que mamografia de rotina seja realizada quatro semanas após a vacinação contra a Covid-19

Ela é tão necessária que tem até uma data especial para sensibilizar as mulheres para a importância de sua realização: 5 de fevereiro. A data celebra o Dia Nacional da Mamografia. O exame auxilia na identificação de lesões nos estágios iniciais e no diagnóstico precoce de um câncer de mama, por exemplo. Neste caso, pode aumentar a chance de cura em até 95%. A mamografia é um exame rápido e que pode ser feito inclusive por mulheres que possuem prótese de silicone. Para esclarecer as principais dúvidas sobre o assunto, a equipe da Coordenadoria de Comunicação do Hupe (Comhupe) conversou com dois especialistas: o Chefe do Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Hupe, Alexandre Malta da Costa Messeder, e a médica especializada em radiologia mamária, Patricia Gomes Cytrangulo Marca. Confira a seguir alguns mitos sobre a mamografia e dicas para se preparar bem para o exame.

Qual a importância da realização da mamografia?

Alexandre Messeder e Patricia Marca – No nosso país, a mortalidade pelo câncer de mama continua aumentando e em pacientes cada vez mais jovens. A mamografia é o único exame que, quando realizado sistematicamente em mulheres assintomáticas, a partir dos 40 anos, leva a uma redução da mortalidade por este câncer, que é o mais frequente entre as mulheres e a principal causa de morte (por tumor) no Brasil e no mundo. O real benefício da mamografia já foi demonstrado por meio de grandes estudos realizados em mais de 500 mil mulheres, onde foi possível observar que a redução da mortalidade variou de 10% a 35% no grupo de mulheres submetidas ao rastreamento, em relação àquelas que não eram submetidas. Sendo assim, a mamografia é um exame bem indicado para o rastreio do câncer de mama, em busca de um diagnóstico precoce, em estágio inicial, que proporciona uma chance de cura em torno de 95%.

A radiação emitida no exame de mamografia pode fazer mal?

Alexandre Malta da Costa Messeder é membro Titular do Colégio Brasileiro de Radiologia e Chefe do Serviço de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do HUPE/UERJ

Alexandre Messeder e Patricia Marca – Não.  A dose de radiação da mamografia é mínima e calculada para não trazer prejuízos à saúde. A título de esclarecimento sobre os cânceres radioinduzidos, eles estão intimamente associados às doses de radiação envolvidas em cada exame e no caso da mamografia, a dose de radiação utilizada no exame pode ser comparada à radiação da luz solar a qual estamos submetidos diariamente.

Como deve ser o preparo para o exame?

Alexandre Messeder e Patricia Marca – O exame de mamografia é um exame simples e rápido; é realizado por uma técnica de mamografia, profissional que está qualificada para o adequado atendimento e posicionamento da paciente no mamógrafo. Não é preciso nenhum grande preparo para a realização, como suspensão de medicações e jejum. A orientação visa somente o bem-estar da paciente: ir com uma roupa confortável e com poucos acessórios.

É verdade que o uso de desodorante, cremes ou talco na região das mamas e axilas pode interferir no resultado do exame?

Alexandre Messeder e Patricia Marca – Sim. O uso de cremes e desodorantes nas mamas, no dia do exame, deve ser evitado porque podem gerar artefatos nas imagens dificultando a análise pelo médico radiologista. Inclusive pode ser necessário convocar as pacientes que fizeram uso dos mesmos para novas imagens. Por isso, eles devem ser evitados no dia do exame.

A vacina contra a Covid-19 também pode interferir no exame de mamografia?

Alexandre Messeder e Patricia Marca – A vacina contra a COVID-19, assim como qualquer vacina, gera uma resposta imunológica no nosso organismo para que ele possa aprender a lutar contra o vírus. Esta resposta do organismo pode levar a alterações nos linfonodos axilares, que chamamos de reacionais. Assim sendo eles ficam aumentados e chamam atenção na mamografia, pois sempre avaliamos a mama em conjunto com a região axilar. Uma vez identificada alteração linfonodal, precisamos acompanhar essa paciente para confirmar se é uma reação da vacina ou não. Dessa forma, após o início da vacinação em massa contra a Covid-19, foi observado um grande número de pacientes apresentando alterações linfonodais, que acabaram tendo que repetir o exame em curto prazo. Por esse motivo, a orientação é que a mamografia de rotina seja realizada quatro semanas após a vacinação. Lembrando que, caso haja alteração mamária ao exame clínico, a mamografia deve ser realizada de imediato e que, no momento do exame, estaremos colhendo dados sobre o status vacinal (qual vacina tomou, quando e em qual braço) a fim de facilitar a análise e correlação nos laudos.

 

Patricia Gomes Cytrangulo de Marca é especializada em Radiologia Mamária e Residência e Mestrado no HUPE/UERJ

O exame de mamografia é realizado da mesma maneira em mulheres que tem implantes ou prótese de silicone?

Alexandre Messeder e Patricia Marca – O exame é realizado da mesma maneira. A compressão necessária não afeta os implantes e nem costuma romper os mesmos, sendo ainda realizada uma manobra chamada Eklund, que permite uma maior e melhor compressão, apenas do tecido mamário anterior ao implante, para uma avaliação mais dedicada do parênquima mamário. Mas a mensagem que deve ficar é: mulheres com implantes mamários devem fazer mamografia normalmente.

 

O exame de mamografia dói? Em caso afirmativo, o que pode ser feito para aliviar o desconforto?

Alexandre Messeder e Patricia Marca – O exame de mamografia é um exame rápido, que dura em média 15 a 30 minutos para ser executado, onde a paciente é posicionada no mamógrafo em posições distintas, para que possamos adquirir duas incidências em cada mama, crânio caudal e mediolateral oblíqua. Para a obtenção dessas incidências após o posicionamento da paciente, a mama é comprimida para que seja possível através da radiação a obtenção da “foto” da mama, a imagem projetada no filme radiológico. Durante a fase da compressão, que é rápida e dura alguns poucos segundos, algumas pacientes podem sentir algum desconforto. E sabemos que no período pré-menstrual as mamas costumam ficar mais sensíveis, logo, naquelas pacientes com ciclos menstruais regulares, orientamos, se possível, marcar os exames uma semana após a menstruação. Outra dica é, no dia da realização do exame evitar o consumo de bebidas e alimentos com cafeína (energéticos, chás) porque a mesma aumenta a sensibilidade mamária.  Entretanto, isso não deve ser um fato a ser extremamente valorizado, uma vez que o exame é rápido e realizado uma vez por ano. Lembrando que estamos falando de um exame de rastreamento, pois quando o mesmo se torna diagnóstico, ou seja, a paciente está apresentando algum desconforto ou sintoma, o mesmo deve ser realizado imediatamente.