Muito além de um simples Cuidado

Ajudar a superar expectativas que nem sempre são positivas com informação, atenção e carinho. Desafio que a equipe multidisciplinar do Núcleo de Cuidados Paliativos do Hupe enfrenta e vence a cada “muito obrigado” de pacientes e familiares que muitas vezes precisam descobrir o que de fato é este delicado e reconfortante tratamento.

Receber um diagnóstico de doenças de difícil tratamento ou com prognóstico de evolução negativa é um dos momentos mais difíceis para qualquer pessoa. Ter alguém que acolha com atenção, carinho e principalmente informações que possibilitem você a superar este desafio é fundamental. No Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj) tem um endereço onde profissionais de diferentes áreas da saúde atendem quem busca esta ajuda. É na sala 3, do prédio dos ambulatórios onde está ancorado o Núcleo de Cuidados Paliativos do Hupe. Ouvir o termo “cuidados paliativos” pode até soar triste para algumas pessoas. Mas lá, o que ecoa é exatamente o oposto: é a alegria da superação.

Atenção, informação, carinho: Itens fundamentais no desafio para superar momentos difíceis e desmistificar o “cuidados paliativos”

Quem garante este tom cercado de otimismo são os próprios pacientes. Que o diga a Renata Dester Neumann que acompanha a mãe, Nilma Neumann, em tratamento pulmonar no Hupe. Ela foi indicada a buscar o serviço quatro anos atrás. “Quando nos foi indicado o Cuidados Paliativos, a princípio fiquei assustada… pensei que só viria aqui para ouvir falar de morte. E me surpreendi… Pois aqui foi o lugar onde mais ouvi falar de vida”, resume Renata. Durante todo este tempo, D. Nilma, hoje com 70 anos, ganhou inspiração, força de vontade e estímulo para superar a doença. Passou até mesmo a freqüentar sessões de fisioterapia duas vezes por semana na Policlínica Piquet Carneiro (PPC-Uerj). A melhora pode ser vista pela freqüência ao próprio ambulatório, onde ia regularmente a cada 15 dias.  “Ela foi tendo melhoras gradativas e hoje vem a cada dois meses, porém com a certeza de que qualquer coisa que precise, basta entrar em contato e poderemos ser atendidos”, diz Renata ao lado de D. Nilma que prefere fazer das palavras da filha as suas, sempre com um sorriso no rosto. 

Andréa Augusta Castro, coordenadora do Núcleo: Muito a oferecer

É o sorriso no rosto dos pacientes que motiva a equipe multidisciplinar do Núcleo coordenado pela médica Andréa Augusta Castro. Enfermeiros, psicólogos, fisioterapeutas, especialistas médicos e até mesmo musico terapeuta, são alguns dos profissionais que fazem parte do grupo que atende duas vezes por semana aos pacientes que buscam ao Núcleo, ou são encaminhados por outras clínicas. Para Andréa, o principal apoio é a empatia e a informação para desmistificar o que de fato é “cuidados paliativos”. “Temos muito o que fazer e o que oferecer ao nosso paciente,  mesmo frente ao quadro grave de uma doença ameaçadora à vida. São cuidados ativos que previnem complicações e promovem qualidade de vida a quem apresenta sofrimentos que podem ser das mais diversas formas: física, psicológicas, sociais ou mesmo espirituais”, resume. A equipe conta ainda com especialistas como a médica de Família Ana Cláudia Chazan que complementa a importância do Núcleo: “Informação é fundamental”, destaca.

Equipe multidisciplinar na ajuda para a superação

Foi saber o que é, entender a proposta e mergulhar nesta atenção que mudou a perspectiva de pacientes como D. Nilma que vem vencendo a batalha contra a doença pelo quarto ano. Tanto que alterou até mesmo o prisma profissional da filha. “Isso foi o que deu muita força para gente. Como psicóloga eu tinha muito receio, e hoje acabei me apaixonando pela área” revela Renata Neumann deixando um recado a quem ainda não conhece o Núcleo de Cuidados Paliativos. “Diferente do que muita gente imagina, aqui não é para ‘quando não tem mais jeito’. Aqui é sim, uma opção. Inclusive para a vida”.

D.Nilma e a filha Renata: Aqui foi o lugar onde mais ouvi falar de vida.
Para saber

OUTUBRO – MÊS DOS CUIDADOS PALIATIVOS

Outubro é considerado o mês dos Cuidados Paliativos. A definição surgiu a partir da organização internacional (não governamental)  The Worldwide Hospice Palliative Care Alliance (WHPCA) que elegeu o segundo sábado de outubro como data mundial de atenção à esta questão. Em 2021, o tema colocado em foco é “Não deixe ninguém para trás – Equidade no acesso a Cuidados Paliativos”. O objetivo é fazer um apelo para o amplo acesso a estes cuidados e que todos os pacientes tenham informação e atenção dirigida sobre esta questão de forma plena até 2030. No Brasil, a atitude ecoa na Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) que costura com  todas as equipes do país a mesma proposta mundial.