Dia Nacional de Combate e Prevenção à Trombose

Por Carmen Lucia Lascasas Porto
Chefe da Unidade Docente Assistencial de Angiologia do Hupe


Trombose venosa é a formação de um coágulo sanguíneo em qualquer veia do corpo. Quando a trombose ocorre em veias profundas é chamada trombose venosa profunda (TVP) e, em geral, é mais grave do que as tromboses venosas superficiais, antigamente chamadas de tromboflebites superficiais.

A TVP ocorre em 80-90% dos casos nos membros inferiores e geralmente é unilateral, raramente acomete os dois membros ao mesmo tempo.  Os fatores de risco são: idade partir dos 40 anos, com aumento aos 60 anos, decuplicando o risco a cada 10 anos, pacientes acamados ou imobilizados por mais de 3 dias consecutivos, em pós-operatórios de cirurgias longas, principalmente as ortopédicas (prótese de fêmur e prótese de quadril, cirurgias oncológicas etc), concomitantes a doenças como câncer, doenças sanguíneas, uso de anticoncepcionais e reposição hormonal, gravidez e puerpério, alguns medicamentos quimioterápicos, obesidade entre outras.

A obstrução de veias, principalmente as do joelho para cima (veia poplítea), dificulta a circulação sanguínea, provocando a diminuição ou interrupção do fluxo sanguíneo podendo causar graves danos ao corpo humano. A trombose venosa ativa uma sequência de reações sanguíneas que em consequência fazem aumentar o seu tamanho e extensão e, nessa progressão, parte do trombo pode se fragmentar, formando o chamado êmbolo, que migra até o pulmão e causa a embolia pulmonar (EP).

A embolia pulmonar aguda quando bloqueia os ramos pulmonares principais causam um dano grave que pode levar à morte súbita ou à um dano crônico: hipertensão pulmonar crônica. Quando eles se alojam nas partes mais distais do pulmão eles causam podem causar tosse, escarros sanguinolentos e cansaço e quando são muito pequenos, são às vezes passados desapercebidos. A EP é a terceira causa de morte cardiovascular evitável.

Por serem causadas pela mesma origem, a TVP e a EP fazem parte de uma mesma doença chamada de tromboembolismo pulmonar, cujo tratamento é o mesmo, a anticoagulação.

A anticoagulação deve ser iniciada logo após a suspeita clínica, utilizando-se o critério de Wells para pacientes ambulatoriais e o escore de Pádua para pacientes internados que o seu médico saberá. Vendo se há necessidade de exames de imagem não invasivos, sobretudo a ultrassonografia vascular colorida com Doppler.

A anticoagulação só deve ser prescrita por médico. Uma vez iniciada ela impede a progressão do trombo e reduz muito o risco de embolia até a estabilização do trombo, que normalmente ocorre depois de 15 dias.

A trombose venosa pode ter consequências crônicas para os membros inferiores, que se desenvolvem com o tempo, tornando a perna inchada, com a pele endurecida, escurecida e podendo levar ao aparecimento de feridas em 1% a 2% dos casos. Há uma importante redução dos danos com a anticoagulação e o uso diário das meias elásticas de média compressão. São os tornozelos que devem estar mais protegidos e as meias até a panturrilha são as normalmente indicadas.

Os sintomas variam de acordo com o local afetado e da extensão do quadro. Os sintomas podem incluir dor, edema (inchaço) unilateral, vermelhidão na pele, cianose (coloração azul arroxeada), aumento da temperatura local, rigidez da musculatura da panturrilha e dor à palpação, sensação de peso nas pernas, especialmente no final do dia, dentre outros.

Algumas medidas simples podem prevenir a trombose: evitar ficar muito tempo parado na mesma posição; controlar o peso; beber água, praticar atividade física regularmente; usar meias elásticas e medicamentos, quando indicado pelo médico, dentre outras.