Diabetes em crianças: atenção aos primeiros sinais

Especialista do ambulatório de Endocrinologia do Hupe explica os principais sintomas e diferenças entre os tipos de diabetes em crianças e adolescentes.

Diabetes. Uma palavra pequena. Mas que pode assustar a quem pouco conhece sobre a doença. Principalmente quando manifestada na infância. Exatamente por isso, aa Coordenadoria de Comunicação Social do Hospital Universitário Pedro Ernesto (COMHUPE) conversou com o endocrinologista pediátrico do Hupe, Daniel Luis Schueftan Gilban, que nos reforçou os cuidados e a importância de entender o que significa e como identificar os sintomas nas primeiras fases da vida.

Daniel Gilban: importância de, aos primeiros sinais de alerta nas crianças, os pais procurarem imediatamente um atendimento de emergência

COMHUPE – Há prevenção para o diabetes em crianças?

Daniel Gilban – O diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, então existe uma predisposição genética e algum gatilho ambiental para que essa doença apareça. Mas é muito difícil definir qual é o gatilho, pode ser uma infecção por vírus por exemplo. Portanto, na verdade é muito improvável que consigamos dizer que existe uma prevenção para o aparecimento do diabetes tipo 1. Diferente do tipo 2, que tem uma relação muito grande com o excesso de peso. Então, existe uma forma bem mais concreta de prevenir o diabetes tipo 2, à medida que conseguimos estabelecer uma alimentação saudável e a prática de atividades físicas, para evitar o ganho de peso excessivo.

COMHUPE – Quais os sinais e sintomas que os pais devem estar atentos em relação ao diabetes tipo 1?

Daniel Gilban – Os sinais e sintomas típicos de diabetes são o emagrecimento, urinar em excesso (poliúria), sentir muita sede (polidipsia) e sentir muita fome (polifagia). Esses são os sinais típicos de alerta para pensarmos no aparecimento do diabetes.

ESTADO DE ALERTA

 COMHUPE – Quando e onde os pais devem procurar ajuda quando suspeitarem de que seus filhos possam estar diabéticos?

Daniel Gilban – Na presença de sinais e sintomas típicos, a família deve procurar uma emergência o mais rápido possível, próximo de sua casa, porque a demora no diagnóstico pode levar a uma situação bem mais séria, chamada cetoacidose diabética, que é uma situação em que o paciente precisa ficar internado, muitas vezes em uma unidade de terapia intensiva. Então, é fundamental que a família procure uma emergência rapidamente, para que sejam feitos exames, tais como medida de glicose para avaliar esse diagnóstico.

COMHUPE – É possível crianças desenvolverem também o diabetes tipo 2?

Daniel Gilban – Apesar de ser menos frequente, é possível sim que as crianças tenham o diabetes tipo 2. Mas isso acontece quando avaliamos que as crianças têm algum fator de risco, sendo o principal a obesidade, ou história familiar forte de outros casos de diabetes e evidência de resistência à insulina. Porém isso é muito mais provável que aconteça em um adolescente do que em uma criança. Portanto, é muito difícil você pensar em diabetes do tipo 2 em uma criança abaixo de 10 anos, por exemplo. Mas em adolescentes passa a ser bem possível.

 

COMHUPE – O que se deve sempre lembrar em relação ao diabetes na criança (tanto o tipo 1 quanto o tipo 2)?

Daniel Gilban – O diagnóstico de diabetes muitas vezes é um grande susto para a família, que imagina que a vida vai mudar radicalmente, que a criança vai precisar restringir uma série de coisas na vida, que não vai poder se alimentar mais na forma em que se alimentava etc. Na verdade, o tratamento do diabetes nada mais é do que uma reeducação alimentar, na qual solicitamos que a criança e família como um todo passem a ter uma alimentação saudável. E nos casos do diabetes dependente de insulina, tipo 1, é o uso contínuo dessa medicação. A família se adapta rapidamente a esse tratamento, que é superviável, superpossível, e com o tempo a família percebe que não é um bicho de sete cabeças e que a vida pode ser muito prazerosa e com muita qualidade com esse diagnóstico, para que a criança e a família aproveitem para construírem uma vida mais saudável como um todo.

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Por Comhupe