Um ambulatório que nasceu de um sonho

Espaço é referência no acolhimento, informação e tratamento de crianças  com Síndrome de Down no Hupe

 Domingo, 21 de março, é celebrado o Dia Internacional da Síndrome de Down. Uma data sobretudo de conscientização de que a pessoa que nasce com a trissomia do 21 não é doente, nem vítima, nem “sofre” desta condição. Prova disso pode ser constatado em um espaço ambulatorial do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj) que nasceu de um sonho. Desde 2015, o Hupe possui um ambulatório de atenção ao cuidado e à saúde da criança com Síndrome de Down, o AmbDown. Composto por uma equipe multiprofissional, o local já possibilitou atendimento a 150 pacientes. A coordenadora é a médica Anna Paula Baumblat, do ambulatório de Pediatria, que sonhava com um atendimento específico para crianças com a síndrome e suas famílias. A força que faltava chegou quando o filho Fernando nasceu trazendo uma surpresa: a Síndrome de Down. “Com o tempo, eu entendi que isso não era uma tragédia. O AmbDown começou com um sonho e com somente três pacientes. Hoje cresceu, tomou forma e proporção”, explica.

O ambulatório tornou-se um projeto pioneiro que beneficia 90 famílias e é referência no estado do Rio de Janeiro no atendimento à criança com Síndrome de Down. Ele é projeto de estágio interno complementar, sendo, portanto, um ambiente de estudo e ensino.

Com uma média de acompanhamento da criança por 3 anos, o ambulatório realiza atendimentos em genética médica, pediatria, cardiologia pediátrica, nutrição, fisioterapia, fonoaudiologia, endocrinologia e neurologia pediátrica e, mais recentemente, odontologia. Também prestam apoio psicológico e de serviço social às famílias.

GRATIDÃO – Jamilie Baldo é mãe de Ravi, que é cuidado no AmbDown. Moradora de Campos, no norte fluminense, ela afirma que a distância (aproximadamente 250 Km) de sua cidade ao Hupe não é empecilho. Pelo contrário, ela diz que a viagem sempre é realizada com alegria por saber que o filho irá encontrar o melhor acolhimento, e ela a informação precisa. “Tive o Ravi no Hupe. Após o nascimento dele, fomos encaminhados para o AmbBown onde me senti muito acolhida. São profissionais altamente capazes e principalmente humanos. Acolhem, instruem, passam a informação correta, e transmitem sobretudo amor”, destaca Jamilie. Para ela é gratificante ver o resultado de tanto acolhimento. “Meu filho vem se desenvolvendo muito bem. A equipe conseguiu provar para mim que Ravi, apesar da Síndrome de Down, consegue se desenvolver como qualquer outra criança. Fica aqui minha gratidão ao hospital e ao AmbDown”, diz a mãe emocionada.

ATENDIMENTO – Os interessados podem entrar em contato pelo e-mail ambdown.hupe@gmail.com – através do qual as famílias que desejam atendimento, maternidades públicas, clínicas de família e postos de saúde encaminham e-mail com dados da criança para atendimento (nome completo e idade da criança, além de nome do responsável e telefone para contato). Os atendimentos são realizados sempre às terças feiras, a partir das 13h. Apesar da pandemia, seguem os atendimentos. Mas, seguindo protocolos de segurança e com um número reduzido de crianças.