Vitória da Amamentação contra a Covid

Especialista orienta cuidados e destaca a importância do aleitamento materno, mesmo para mães que enfrentam ou enfrentaram o Coronavírus

Em maio, a recepcionista Rafaela Caetano estava se preparando para o nascimento da sua primeira filha, a pequena Giovanna. Grávida, às vésperas de dar a luz, ela foi diagnosticada com Covid-19 e internada no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj). Uma semana depois, Giovanna chegou. E, com a bebê, veio também a questão mais comum entre mães de recém-nascidos que lidaram com o novo coronavírus: amamentar ou não amamentar? A resposta é dada pela enfermeira e coordenadora do Banco de Leite do Núcleo Perinatal do Hupe, Abilene Gouvea. “Sim; mães com suspeita ou com diagnóstico confirmado de Covid-19 podem amamentar. Claro, se estiverem em bom estado geral de saúde”. A mensagem reforça a importância do aleitamento materno que ganha destaque com a Campanha Agosto Dourado. Tradicionalmente, o período é escolhido para incentivar ainda mais o ato, usando a cor dourada como referência ao chamado alimento ouro: o leite humano.

Abilene Gouvea

Abilene enfatiza que o fundamental quando se fala em aleitamento é a garantia da saúde do bebê e a segurança do ato. Para isso, são indispensáveis cuidados especiais. “Utilizar máscara facial (cobrindo completamente nariz e boca) durante a amamentação; evitar falar ou tossir durante o aleitamento; e higienizar as mãos antes de tocar o bebê ou antes de retirar o leite materno”, ensina a especialista.

Estes cuidados foram dicas de ouro para pacientes como Rafaela. O precioso alimento garantiu a segurança e o peso ideal à Giovanna. Apesar de uma pequena dificuldade no início, a pequena, hoje com pouco mais de dois meses, segue bem adaptada à rotina de amamentação e Rafaela ainda usa as orientações que recebeu no Hupe.  “Sempre considerei a amamentação super importante além de todos os benefícios que ela traz para o bebê. O início foi um pouco dolorido, o bico do peito deu uma assadinha… mas passou. O hospital deu todo o suporte, inclusive me auxiliando em como devia ser a pega, a massagem que eu podia fazer antes de amamentar, foram ótimos. As dicas me ajudam até hoje!”, declara.

Rafaela Caetano com sua primeira filha, Giovanna, que nasceu no final de maio

Rafaela lembra que a dúvida em amamentar diante da doença foi uma das primeiras coisas que pensou assim que foi internada com Covid. “Como estava no final da gestação, tive o medo de passar para a Giovanna, de ter ela e depois não poder amamentar por causa da doença. No dia em que ela nasceu, eu fiz um swab (um dos tipos de teste de diagnóstico para a Covid-19) Deu negativo; e não estava mais com sintomas. Mesmo assim, dá medo”, relembra.

Hoje, Giovanna costuma mamar a cada três horas, em média. ‘Na hora da amamentação, eu fico relaxada, na maioria das vezes uso a almofada, e tomo sol de manhã nos seios, procuro não beber e comer alimentos/comidas que contém leite para não dar cólica nela”, explica a Rafaela. Estes e outros cuidados são pautas de dicas e bate-papos que acontecem, por exemplo, nas rodas de conversa promovidas pelo Núcleo Perinatal do Hupe. Abilene é uma das que coordena esta atividade. Ela esclarece que mães a procura de orientações ou com dúvidas sobre amamentação pode procurar a equipe do Banco de Leite, que realiza também periodicamente as rodas de conversa online sobre assuntos ligados à maternidade. O contato pode ser feito pelas redes @nucleoperinatal ou pelo telefone (21) 2868-8208.

Estes também são canais abertos para as mães que desejarem fazer doação de leite humano. Os cuidados para doação são os mesmos feitos durante o aleitamento. O leite coletado deve ser colocado em potes de vidro, bem lavados (e esterilizados com água fervente)  com tampa plástica. As doações podem ser entregues na portaria principal do Núcleo Perinatal que fica na avenida Professor Manoel de Abreu, 500.  

 

AGOSTO DOURADO

Agosto Dourado é uma campanha internacional ancorada neste mês de referência para conscientização das famílias sobre os benefícios da amamentação. Tradicionalmente, a Aliança Mundial para Ação de Aleitamento Materno (Waba, na sigla em inglês). A Waba é uma rede global de indivíduos e organizações dedicadas à proteção, promoção e apoio ao aleitamento materno em todo o mundo. Anualmente, esta rede coordena e organiza a Semana Mundial da Amamentação (WBW), que ocorre entre 1 e 7 de agosto. Este ano, o tema da Semana é: “Proteja a amamentação: uma responsabilidade compartilhada”. Os objetivos apontados pela Waba têm quatro pilares: informar sobre a importância de proteger a amamentação; apoiar a amamentação como uma responsabilidade vital de saúde pública; articular com indivíduos e organizações para maior impacto; e potencializar ações para proteger o aleitamento materno e melhorar a saúde coletiva. Outras informações: https://waba.org.my