Misturando arte e ciência, Núcleo Perinatal do Hupe-Uerj realiza oficina para gestantes

Com a pintura na barriga, as mães conseguem imaginar como o filho está no útero, fortalecendo vínculos, e ainda aprendendo importantes técnicas, como a Manobra de Leopold.

O que se aprende em um curso só para gestantes? Amamentar…. Trocar fraldas…. Pintar barriga… E não vale pensar que o último aprendizado é brincadeira! Porque no Núcleo Perinatal do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Rio de Janeiro (Hupe-Uerj), o assunto é bem sério e cuidadosamente pensado.

Desenhar na barriga da mãe exatamente como o feto está no ventre, como se fosse uma “radiografia aberta”, foi o objetivo da oficina “Como Pintar Barriga”, realizada em dois dias: na terça-feira, 03/05, e na quinta-feira, dia 05/05. A iniciativa visou acolher e ajudar às gestantes a se identificarem com o filho, amenizando a tensão causada pelo período pré-parto.

Ampliando o cuidado

O Núcleo Perinatal do Hupe-Uerj é especializado em gestantes de alto risco, com muitas mulheres enfrentando problemas de saúde preexistentes à gestação. Foi objetivando reduzir o estresse e aproximar as mães e os futuros filhos que a equipe multidisciplinar criou o curso. “Nós usamos a ultrassonografia do feto como base para desenhar na barriga da gestante o bebê tal qual a posição que ele está no ventre”, explica Abilene Gouvêa, enfermeira-chefe, coordenadora da oficina e do Banco de Leite da unidade.

A oficina possui diversas denominações, tais como ultrassonografia natural, pintura de barriga, além de outras. “Estamos aqui ensinando, de forma lúdica, às nossas gestantes as manobras de Leopold [um método comum e sistemático de se determinar a posição de um feto dentro do útero de uma mulher], além de propormos outras questões importantes de acolhimento a estas gestantes”, reforça Ricardo Molta professor da Faculdade de Enfermagem da Uerj e coordenador do Programa de Residência em Enfermagem Obstétrica da Uerj.

Alívio para ansiedade

O Núcleo Perinatal tem reativado importantes projetos, como o Cegonha Carioca [originário da Secretaria Municipal do Rio de Janeiro – SMS-Rio], cujos princípios são humanizar e garantir o melhor cuidado para mãe e para o bebê “Oficinas, como essa, têm uma grande importância, para as gestantes internadas, trazendo um alívio para a ansiedade e melhor acolhendo-as neste importante momento de vida de cada uma delas”, reforça Ana Rita Martello, técnica de Enfermagem da unidade.

 

Dois lados, a mesma emoção

Hoje enfermeira obstetra do Núcleo Perinatal do hupe-Uerj, mas, há três anos, como usuária e tendo a sua barriga pintada, Patrícia Salles, que é enfermeira da SMS-Rio e também integrante do corpo de preceptoria da Residência de Enfermagem do Hupe-Uerj, teve oportunidade de vivenciar os dois lados. E garante que é uma oportunidade valiosa, tanto de percepção da gravidez, como de união também com os familiares, muitos deles presentes nas oficinas. “É muito importante realizarmos esse treinamento de pintura de barriga com nossas residentes, pois elas estão presentes em quase todas as maternidades da cidade do Rio de Janeiro, e, com isso, muitas mulheres poderão se beneficiar com essas práticas, em sendo ampliadas a outras unidades de saúde”, ressalta Patrícia.

Os profissionais envolvidos destacam que oficinas, como essa, fortalecem a interface academia-pós-graduação-extensão, e com isso é possível ofertar uma assistência cada vez mais qualificada às mães e bebês. Ao final da atividade no segundo dia, Pâmela Afonso, 27 anos, uma das grávidas que teve sua barriga pintada, à espera de Pedro, sua quarta gestação, fez questão de frisar: “É uma experiência muito gratificante, me senti muito bem, amparada, cuidada, confiante. Aproveito para desejar um dia bem feliz a todas as mães”, declarou, finalizando a oficina, mas reiniciando a esperança na vida que se renova.