Estudo para redução de hipotermia em recém-nascidos é premiado com menção honrosa em simpósio internacional

O trabalho “Resultados da implementação de um programa de melhoria de qualidade na redução da hipotermia à admissão de recém-nascidos de muito baixo peso: estudo de intervenção multicêntrico” ficou entre os três melhores e recebeu menção honrosa no 8º Simpósio Internacional de Reanimação Neonatal. O evento ocorreu em Salvador, na Bahia, entre os dias 31 de março e 2 de abril. O trabalho foi uma iniciativa da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais e contou com a participação de cerca de 10 instituições universitárias e públicas, dentre elas o Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe). No Hupe, a implementação do programa para redução da hipotermia nos recém-nascidos ocorreu ao longo do ano de 2021 e foi conduzida pela Chefe da Unidade Docente Assistencial (UDA) de Neonatologia, Lucia Helena Wagner, e pelo pediatra e vice-diretor do Hupe, José Luiz Bandeira Duarte.

A hipotermia é um problema grave que ocorre quando a temperatura do corpo desce abaixo do nível normal, especialmente em prematuros, estes são mais suscetíveis a hipotermia devido a imaturidade da pele e menor conteúdo de gordura corporal. O feto dentro do útero materno geralmente está de meio a um grau acima da temperatura materna, ou seja, se a mãe está com a temperatura corporal de 36.5°C, o feto pode estar com a temperatura entre 37 e 37.5°C. Ao sair do útero, o bebê vai para um ambiente mais frio e seco e resfria muito rápido. É necessário que o profissional que está assistindo aquele nascimento faça logo uma intervenção para evitar a hipotermia. O bebê hipotérmico pode apresentar dificuldade respiratória, gemência, cianose e não conseguir mamar. A hipotermia pode levar um bebê saudável a necessitar de internação em UTI neonatal. Manter a normotermia ao nascer é um cuidado básico que o profissional de saúde tem que prestar atenção em todos os nascimentos, não só no dos prematuros”, explica a pediatra e neonatologista, Lucia Helena Wagner.

Em junho de 2021, o percentual de bebês com temperatura abaixo de 36 graus na sala de parto era de 63,3% e ao serem admitidos no Alojamento conjunto ou na Unidade Neonatal 40% ainda permaneciam com temperatura abaixo de 36.0°C. Após o trabalho de adequação da estrutura física, de material de sala de parto, além de um trabalho de educação continuada profissional e conscientização da equipe, estes índices em março de 2022 passaram para 15% na sala de parto e para 2% na admissão nas Unidades. “A redução de casos foi bastante expressiva. O empenho e a preocupação da equipe em cuidar melhor dos bebês foram fundamentais para este resultado”, conclui a médica Lucia Helena.