SETEMBRO VERDE ESPERANÇA - Campanha alerta para urgência de políticas que amparem crianças com asfixia perinatal

A cor é suave, clara e tem uma luminosidade que reflete exatamente o que apregoa o nome: Esperança. Este é o objetivo e o tom que assina este mês a campanha mundial de prevenção a asfixia perinatal: SETEMBRO VERDE ESPERANÇA. A iniciativa dedica atenção especial a este grave problema de saúde pública que é a terceira maior causa de mortalidade infantil no mundo. A campanha acaba de ganhar a adesão oficial do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe). “Somos centro de referência para o atendimento de casos no estado e até mesmo no Brasil”, destaca a chefe da unidade neonatal, a pediatra neonatologista Lúcia Helena Wagner.  A ideia de escolher o mês para incentivar ações de alerta à asfixia infantil foi do Instituto Protegendo Cérebros Salvando Futuros que já reúne mais de 20 instituições hospitalares e organizações como a própria Academia Brasileira de Pediatria.

 

Na avaliação de Lúcia Helena, voltar às atenções para o problema é uma urgência. “A criança que apresenta asfixia perinatal tem até seis horas para ser atendida, controlarmos o quadro e evitar seqüelas”, alerta. O problema ocorre quando há falta de oxigenação no momento do nascimento. A especialista explica que, ao nascer, o bebê que apresentar este quadro deve ser transferido para uma unidade como o Hupe para ser submetido à hipotermia terapêutica onde será colocado em uma espécie de incubadora e vestido com uma roupinha (capa) térmica que manterá seu corpo entre 33 e 34 graus durante de no mínimo três dias subseqüentes.  Com isso, o organismo tende a se recuperar da baixa oxigenação nos momentos iniciais de vida.  “O que aumenta em 65% a chance de que ele não tenha seqüela alguma”, complementa a especialista.

 

Lúcia Helena resume que entre as conseqüências da falta de atendimento adequado está a paralisia cerebral. Mas as seqüelas podem vir a se apresentar no funcionamento de outros órgãos. “Por isso é essencial que se tenha prioridade na remoção destas crianças imediatamente após a constatação da asfixia perinatal”, enfatiza. Este cuidado porém não tem sido primordial no sistema de saúde. A luta dos profissionais envolvidos no setor é para que se estabeleça por lei esta prática prioritária nas unidades e maternidades do estado e do país.  Motivo que inclusive inspirou o Instituto idealizador da campanha Setembro Verde Esperança a estimular e promover ações que consigam mudar este cenário.

 

PREVENÇÃO – Quando se fala em asfixia perinatal uma dúvida persistente na resposta a questão: É possível prevenir? Um pré-natal adequado e um bom acompanhamento no parto é fundamental, mas Lúcia Helena ressalta que este é um dos maiores desafios desta doença. “Não há como prever”, diz a especialista. Ela enfatiza que exatamente por isso existe a urgência em amparar as gestantes, caso ocorra a asfixia, com a remoção imediata do bebe a fim de chegaram a tempo no Hupe, ou em alguma unidade que, mesmo sem ser de referência, possa atender adequadamente. “A esperança está em atender ao recém nascido acometido pelo problema imediatamente”, define.