Raiva humana volta a ter alerta no Rio de Janeiro

Uma doença que na capital fluminense não se registrava há mais de três décadas e no estado a última ocorrência foi em 2006, voltou a alertar às unidades de Saúde do Rio de Janeiro: a raiva humana. A enfermidade vitimou o menino Emanuel Arantes da Cunha, de 13 anos, em Angra dos Reis, e levou a Secretaria de Estado da Saúde a lançar em junho um alerta oficial para medidas de prevenção. “A vigilância neste momento é fundamental”, destaca a infectologista Dominique Thilmann, da Unidade de Doenças Infecto Parasitárias (Dip) do Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe/UERJ). A médica explica que a raiva humana é uma doença infecciosa que ataca diretamente o sistema nervoso central e tem uma letalidade de praticamente 100%.

 

A enfermidade é transmitida por animais infectados, sejam eles domésticos, de rua ou silvestres, como no caso ocorrido em Angra dos Reis, onde o transmissor foi um morcego. Diante de um ataque, os primeiros socorros devem ser a lavagem do ferimento com bastante água e sabão e a busca imediata por uma unidade de saúde onde será administrado o soro anti-rábico e a vacina. Informar o histórico detalhado do ataque é imprescindível para observar variáveis como a profundidade da mordida e o local do ataque. “Mordidas próximas a áreas enervadas como pés, mãos e cabeça, assim como lambidas em mucosa, onde não há a barreira da pele (olhos), são graves”, ressalta a especialista. 


Tanto o tratamento quanto a gravidade, dependem também da observação do comportamento do agressor durante os dias subseqüentes.“Observar o comportamento do animal transmissor para verificar se ele manifesta a doença por, no mínimo, 10 dias é determinante para a vítima”, enfatiza Dominique explicando que neste ponto está uma das variáveis mais difíceis. Isto porque em relação aos animais agressores há três situações: os domésticos, que são as mais fácies de monitorar por estarem em ambientes controlados; animais não domésticos (gatos e cachorros de rua), que em geral estão fora do controle não permitindo a observação do comportamento deles, assim como também os animais silvestres.

 

Os sintomas iniciais da raiva humana se confundem com uma virose comum com febre e mal estar. Aos poucos evolui para os sinais característicos da enfermidade que são alterações motoras, agitação, fotofobia, salivação, espasmos, paralisia. Porém, vale ressaltar que o fato de ter sofrido um ataque não significa automaticamente que está infectado. “O importante é impedir a doença de se instalar. Porque após a instalação, não há protocolo de tratamento com sucesso eficaz”, alerta a médica mais uma vez sinalizando a importância da prevenção.

 

Por Coordenadoria de Comunicação Social do HUPE/COMHUPE . 2020