Hupe adere à campanha de uso racional do sangue

O Comitê Transfusional do Hupe está lançando uma campanha de uso racional do sangue. A iniciativa faz parte de uma política de saúde pública da Organização Mundial de Saúde (OMS) denominada Patient Blood Management – PBM (que em português significa Gerenciamento de Sangue do Paciente). De acordo com as recomendações da OMS, a indicação de transfusão deve ser baseada em critérios clínicos e é preciso questionar a necessidade de transfusões eletivas. Além disto, deve ser avaliado o uso de estratégias e medicamentos que podem reduzir ou eliminar o uso de componentes sanguíneos.

A chefe da Hemoterapia do Hupe e professora adjunta de Hematologia e Hemoterapia da Uerj, Flavia Bandeira, explica que o objetivo da campanha é conscientizar e disseminar informação do uso ideal do sangue para que se entenda realmente quando a transfusão de sangue está indicada e quando não está. “É uma questão que o mundo inteiro já vem falando há alguns anos e a gente não tinha conversado ainda de forma disseminada. O sangue é um recurso escasso e finito. Nós vemos a transfusão como uma ponte para a gente manter a vida, mas se não indicarmos ela corretamente podemos prejudicar o receptor. É transfundir sempre baseado em evidência e a equipe de saúde, principalmente os prescritores, que são os médicos, devem ter consciência de qual é o benefício da transfusão e avaliar se trará o benefício que é esperado”.

A médica, que integra o Comitê Transfusional do Hupe, destaca alguns questionamentos que devem ser feitos antes da prescrição da transfusão: “O uso racional é exatamente você pensar primeiro ‘esse meu paciente precisa mesmo de transfusão?’. ‘Se precisa, de quantas bolsas ele precisa? Será que ele precisa de duas ou se eu fizer uma já é o suficiente e depois eu reavalio o meu paciente? Será que essa anemia dele eu posso corrigir com remédio, com ferro injetável, ou só uma transfusão que vai resolver?’ É trazer perguntas que vão trazer perguntas que vão nortear uma conduta mais baseada em evidência.”

O Comitê Transfusional pretende, nos próximos meses, fazer a divulgação dessa campanha educativa e de mudança de cultura nos setores do hospital com cartazes e também ir às clínicas, especialmente aquelas que transfundem bastante, para falar sobre a ação e o uso racional do sangue.