Estresse pode afetar a saúde mental e física

Especialista explica até que ponto é normal sensação estressante e dá dicas para prevenir esta ameaça à saúde.


Você já sentiu um cansaço físico muito grande, tem dificuldade para dormir e sente a musculatura tensa? Fique atento pois estes são alguns sinais do estresse. O tema é tão importante que tem um dia dedicado a ele – 23 de setembro é celebrado o Dia Mundial de Combate ao Estresse. “O estresse é uma reação natural de defesa do organismo. Ele ocorre quando acontece a quebra do nosso equilíbrio interno, da nossa homeostase, quando as demandas externas são maiores ou mais intensas do que a nossa capacidade de adaptação. O conceito da palavra estresse vem do utilizado na engenharia na qual estresse significa o máximo de peso que uma estrutura física consegue suportar sem ruir”, explica Fernanda Pereira, professora de Psicologia Médica da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Uerj.

Existem várias causas possíveis: pressão no trabalho, mudança de residência, problemas financeiros, período de provas… algumas podem até ser vistas como positivas como um primeiro encontro, um cargo novo no trabalho, dentre outras. “Na verdade, não é tanto a natureza se é positivo ou negativo e sim o desequilíbrio que isso causa para aquele indivíduo. Por exemplo, nasce o bebê, que pode até ter sido planejado pelo casal, mas vai trazer uma quebra da rotina…mais responsabilidades. Essa sobrecarga vai acontecer e a pessoa pode ficar estressada por conta do acontecimento que desequilibrou a vida dela, mesmo que ele seja interpretado como algo positivo” explica a especialista. Ela destaca que a questão da interpretação é interessante porque, às vezes, duas pessoas podem passar por um mesmo problema e interpretar de formas diferentes. “Alguém que é mandado embora do emprego pode considerar ser algo ruim, ficar preocupado com o sustento, mas uma outra pessoa que passe por esta mesma situação pode considerar como algo bom ‘puxa, é uma oportunidade de sair deste trabalho chato’, ‘eu vou pegar meu fundo de garantia’, ‘vou poder agora cuidar mais de mim. Essa interpretação do estressor vai ser muito importante para o resultado dessa ação do estresse no nosso organismo, avalia.

Os sintomas podem ser físicos ou psicológicos. Na maior parte dos casos ocorrem os dois. Alguns sinais são: tensão muscular; boca seca; taquicardia; aumento da pressão arterial; cansaço físico muito intenso; dor no estômago; sensação de tontura; pesadelos; dificuldade para dormir; dúvidas quanto a si (será que estou fazendo a coisa certa? será que estou conduzindo a minha vida da forma correta?). Há também quem apresente dificuldade de iniciar novos projetos; ansiedade extrema e outros. Fernanda enfatiza que é importante lembrar que o estresse não causa doença física, mas baixa a imunidade e pode ativar problemas para os quais a pessoa já tenha predisposição, como gastrite, transtorno de ansiedade, doenças dermatológicas etc.

Por isso, é bom ficar atento aos sinais do estresse para evitar a fase de exaustão e o desenvolvimento de doenças físicas e mentais. “Hans Selye definiu três fases do estresse” explica a médica. “A primeira é a de alerta, quando a gente precisa preparar o nosso organismo para resolver um problema imediato. Um aluno que tenha uma prova para fazer, por exemplo, ele vai preparar o corpo para resolver aquele problema” exemplica. “ Mas vamos supor que esse estressor continue. No exemplo do aluno, ele terá várias provas, vários desafios ao longo do curso. Se não consegue lidar com isto de forma adequada, ele passa para uma fase chamada resistência, na qual o corpo começa a falhar e surgem problemas de memória, aumento da irritabilidade, um cansaço grande. Você consegue produzir, mas a um custo mmaior. E se este estressor ou conjunto de estressores perduram e ainda assim a gente não consegue lidar com eles adequadamente, há uma terceira fase, que é a de exaustão” comumente apontando  ai a fase do estresse crônico, na qual aquilo que  já tem de predisposição genética pode ser desencadeado através de doenças físicas, como gastrite, doenças cardiovasculares, mas também problemas psicológicos como transtorno de ansiedade, transtorno do pânico, transtorno depressivo. “O organismo fica mais vulnerável”, conclui a professora.

    Fernanda Pereira grifa que É importante ficar sempre atento ao nosso nível de estresse. “Quando você começa a perceber sintomas que estão atrapalhando várias áreas da sua vida, sua produtividade e bem-estar, você precisa estar em alerta sempre pensando na noção de desgaste para que não chegue na fase de exaustão, onde as doenças físicas e mentais são disparadas. Porque uma vez disparadas, em muitos casos não há cura, pois pode ser um problema crônico, como a hipertensão arterial, por exemplo”, alerta a médica.

 

DICAS

Para evitar o estresse, separamos algumas dicas da professora Fernanda Pereira.

  1. Estar atento se não há estressores demais na vida que estão causando sobrecarga. Elimine o que for possível e aprenda a lidar com os estressores que não são possíveis de evitar. Aprender a dizer não para algumas demandas pode limitar alguns estressores.
  2. Observe os sintomas do estresse (está começando a ter problemas de memória? Começando a ter dificuldades para dormir?). Não deixe que isso se desenvolva.
  3. Pratique uma atividade física, de preferência uma que seja prazerosa. Estudos comprovam que o exercício contribui muito para o controle do estresse e para a saúde psicológica de modo geral.
  4. Melhore a alimentação. Quando estamos com uma alimentação boa ficamos mais fortalecidos, inclusive o sistema imunológico. Além disto, quando estamos estressados consumimos mais nutrientes que no estado normal.
  5. Tenha atividades de relaxamento. Pode ser um relaxamento muscular, algum tipo de respiração…
  6. A terapia também funciona como um mecanismo de prevenção para aprendermos a lidar com os estressores da melhor forma. E também a psicoterapia para tratamento, uma vez que já esteja num quadro de estresse para reverter os efeitos deletérios do estresse.
Por Comhupe