Por Lucas Neves de Andrade Lemes *

No mundo inteiro acaba de ser comemorada, de 15 a 21 de março de 2021, a Semana do Sono. Neste momento de pandemia Covid-19, muitas pessoas sofreram com diversos problemas de sono e este evento é muito significativo ao chamar nossa atenção para a importância do sono para uma adequada saúde humana, inclusive interferindo muito na qualidade de funcionamento do nosso sistema imunológico.
Há mais de 100 distúrbios do sono, sendo a insônia e a apnéia obstrutiva do sono os mais comuns. Outros distúrbios também podem estar presentes como a apnéia central do sono, o bruxismo, o sonambulismo e o movimento periódico de pernas.
Os distúrbios do sono frequentemente estão associados a doenças cardiovasculares (doença arterial coronariana, arritmias e hipertensão arterial), metabólicas (obesidade e resistência à insulina), gastrointestinais (refluxo), psiquiátricas (depressão e ansiedade), neurológicas (alterações cognitivas, epilepsia, déficit de atenção, acidente vascular encefálico), dificuldades de memória e de aprendizado.
O nosso relógio biológico regula e controla o ciclo de sono-vigília de 24 horas por meio da influência da luz e da melatonina. Na ausência de luz, a melatonina é produzida, promovendo o sono. Por isso, utilizar o celular ou assistir TV à noite pode ser prejudicial e retardar a indução do sono.
Durante a vigília, nosso cérebro acumula substâncias que promovem o sono. Quando dormimos, liberamos essas substâncias e, então, nos sentimos alertas novamente. Por isso, temos que ter cuidado pois cochilar a tarde por muito tempo pode esgotar as substâncias promotoras do sono e atrapalhar o sono da noite. O descanso reparador acontece quando sincronizamos os horários de sono/vigília com nosso relógio interno e nossa propensão para dormir.
Sintomas como ronco, cansaço durante o dia e insônia são sinais de que o indivíduo deve procurar ajuda médica. Importante lembrar que aqui na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) há um grupo multidisciplinar no Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe) que tem foco nestes distúrbios do sono, que envolve diversas especialidades como pneumologia, neurologia, otorrinolaringologia, psiquiatria entre outras, sendo assim possível o diagnóstico e tratamento destas condições.
*Médico Otorrinolaringologista, professor adjunto da Faculdade de Ciências Médicas (FCM/ Uerj). Especialista em Medicina do Sono pela Associação Médica Brasileira (AMB).