Esperança de luz para pacientes que aguardam o transplante

Uma luz para pacientes que estão na fila para transplante de córnea. O Hospital Universitário Pedro Ernesto (Hupe-Uerj) está retomando as cirurgias de tecido ocular humano. Publicada em 12 de novembro de 2020, a Portaria nº 1.049, do Diário Oficial da União, concede autorização para realizar este tipo de procedimento, então reafirmando a total capacitação da unidade na realização desta prática. A perspectiva do Serviço de Oftalmologia do Hupe é, já a partir do mês de janeiro, voltar a realizar cirurgias desta natureza. As doenças corneanas são a segunda causa de cegueira reversível no mundo.

Vale lembrar, que o Hupe já era uma das únicas  unidades hospitalares credenciadas a fazer este tipo de cirurgia, considerada historicamente um dos centros de referência. Porém, por questões inerentes à renovação de licença, as cirurgias tiveram que ser suspensas durante os últimos quatro anos, sendo agora retomadas. “O Hupe está totalmente capacitado para absorver a demanda. É uma cirurgia de ponta. Ao retomarmos essa prática, certamente ajudaremos muito na redução da fila de transplante de córnea no Estado do Rio de Janeiro que dura hoje em média de 12 a 18 meses”, afirma Lucas Monferrari Monteiro Vianna, médico oftamologista e professor colaborador da Pós-Graduação da Uerj. Ele é um dos responsáveis técnicos pela realização destes transplantes. O profissional enfatiza ainda que, até a semana passada, quando chegava a vez de um paciente do Hupe na fila, o sistema de regulação encaminhava para um outro hospital de Sistema Único de Saúde (SUS), devido ao não credenciamento.

Lucas Monferrari ressaltou que o Serviço de Oftalmologia do Hupe possui centro cirúrgico próprio e reúne todos os recursos técnicos e humanos para absorver plenamente a demanda dos transplantes de córnea

Lucas Monferrari lembra que, com esta retomada, a capacidade do hospital universitário em ajudar a reduzir a fila para os transplantes de córnea no Estado do Rio de Janeirose amplia e gera mais celeridade. O Serviço do Hupe conta hoje com dois espaços aptos para tais procedimentos: o centro cirúrgico geral do hospital (que fica no 5º andar do prédio principal) e o próprio centro do Serviço de Oftalmologia (que fica no 4º andar do prédio principal, e que foi inaugurado recentemente). “Acredito que, dentre os Serviços públicos de Oftalmologia, o Serviço do Hupe, cujo Chefe é o professor Ricardo Neves, seja um dos mais completos e modernos, em termos de recursos técnicos, equipamentos e recursos humanos. A cirurgia para transplante de córnea é um dos exemplos deste diferencial e alto padrão na assistência”, frisa Lucas.

O que é a córnea?

A córnea é a primeira lente do olho e a que mais contribui para a focalização da luz na retina (um tecido que reveste o olho por dentro e é responsável pela absorção da luminosidade). O transplante consiste na substituição da córnea do paciente, por uma córnea doada para restabelecer a transmissão ideal da luz pelos meios do olho.

“Comparamos o olho a um ‘relógio’. A córnea é como se fosse o ‘vidro do relógio’, ou seja, a parte mais anterior e transparente. A retina (nervo) é como se fosse o ‘motor’. Costumo dizer que a catarata representa os ‘ponteiros’. Então, o vidro é o que trocamos, se ele estiver arranhado ou sujo ou quebrado”, segue explicando Lucas Monferrari.

Várias doenças oculares podem debilitar a córnea, causando a perda de sua transparência, ou irregularidade de sua forma ou superfície. Entre os exemplos pode-se citar: Ceratocone em estágio avançado, trauma no olho, infecções, queimaduras por substâncias químicas, enfermidades congênitas ou outras causas em que a pessoa pode ter a visão bastante reduzida ou, até perder a visão.

DOAÇÃO DO ÓRGÃO – Por se tratar de um tecido sem a presença de vasos sanguíneos, não há necessidade de realizar testes de compatibilidade entre o doador e o receptor. Isso faz com que a fila seja única para todos os candidatos, diminuindo o tempo de espera.  Qualquer pessoa que venha a óbito e que, em vida, manifestou aos familiares sua vontade de doar seus órgãos,  pode ser um doador; desde que preencha os critérios determinados pela Central Estadual de Transplantes (CET). Vale ressaltar que a retirada das córneas pode ser feita até seis horas após a parada do coração (o prazo varia se o corpo estiver refrigerado).

Estrutura especializada

Entrada do centro cirúrgico, inaugurado em setembro de 2017, da Unidade Docente Assistencial (UDA) de Oftalmologia do Hupe-Uerj: por aqui passarão muitos pacientes, abreviando o tempo de espera na fila e ajudando ao sistema de saúde como um todo.

A Oftalmologia do Hupe também tem um serviço com estrutura de ponta na parte de exames; o que favorece de forma considerável à rede estadual de saúde. “O olho é uma ‘bola’ de dois centímetros e existem milhares de doenças que podem acometer essa ‘bola’. Então, muitas vezes necessitamos de exames complementares microscópicos, que são feitos por aparelhos geralmente caros. Aqui temos toda estrutura para uma assistência completa”, salienta o Lucas.

O transplante de córnea é o procedimento de maior sucesso entre os transplantes. Hoje em dia existem diferentes tipos de transplante. Pode ser trocar a córnea inteira, trocar só a parte mais interna, que é o Transplante Endotelial, ou trocar a parte mais anterior (o estroma), chamado de Transplante Lamelar Anterior. Dependendo em qual porção da córnea que a doença esteja situada, pode ser realizado um transplante seletivo, que mantém uma boa parte da córnea e diminui as chances de falência e rejeição por manter o tecido do próprio paciente. “Lembro que, referente a transplante seletivo lamelar, ainda não são todos os médicos que possuem treinamento para realizá-lo. No nosso Serviço, contamos com profissionais capacitados para fazer qualquer tipo de transplante. Sempre fomos um hospital de referência e, fiel a este princípio, seguiremos buscando inovação e o melhor atendimento à população”, finaliza o médico.

 Por Coordenadoria de Comunicação do Hupe